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Monday, July 25, 2011

AS BRUMAS DE AVALON - O PRISIONEIRO DA ÁRVORE - Marion Zimmer Bradley

"Nesse momento, acompanhando o restante da família real,caminhou até o altar para receber o pão santificado. Morgana, atenta ao seu lado, foi a única dentre todos  os familiares que não se aproximou do altar da comunhão; Morgause pensava desdenhosamente que Morgana era uma grande tola. Não só alienara o povo, como o mais piedoso dentre os vassalos a chamava de feiticeira e bruxa, e até de coisas piores entre eles. E, afinal, que diferença isso fazia? Uma mentira religiosa era tão boa quanto outra, ou não?" (Pensamentos de Morgause sobre Morgana, pg. 56).

Este livro apresenta o desfecho da história. Os personagens já estão mais velhos, fala-se bastante sobre as características físicas de agora - cabelos brancos, a fisionomia não tão jovial como antes - e fala-se também das lembranças de um tempo passado, de episódios que aconteceram nos livros anteriores. Os personagens começam a lamentar a jovialidade que não têm mais, de fatos e pensamentos que antes se mostravam tão importantes mas que agora já não fazem tanta diferença.

O dia de Pentecostes traz grandes surpresas para todos. Artur aguardava o dia para poder nomear, oficialmente, Galahad, filho de Lancelote, como seu sucessor. Enquanto Galahad se senta ao lado dos grandes reis, o filho de Morgana - e de Artur - Gwydion, é apresentado a todos. Ele é levado à festa por Morgause. Como ele não queria fazer votos em nenhuma igreja cristã, ele desafia Lancelote para uma luta, nos jogos do Pentecostes. Este acaba perdendo a luta, e Gwydion pede a Artur que seja nomeado um de seus cavaleiros devido a este feito. 

Morgana trama contra Artur, e o leva, junto com seu amante Acolon, ao mundo das fadas, onde eles lutam e Acolon falece. A intenção é que a Excalibur fosse tomada de Artur, mas este suportou bravamente a luta e saiu ferido, porém vivo, da luta. Morgana, sorrateira, rouba a bainha mágica que fez para Artur enquanto este se recuperava dos ferimentos. Ela é perseguida, mas consegue se desfazer da bainha ao jogá-la no lago de Avalon.

Morgana volta então para Avalon, onde descobre que Kevin havia roubado as relíquias sagradas. Nimue é chamada e ela desenvolverá um papel de grande importância agora. Como estava reclusa, e ninguém conhecia seu rosto, ela é levada para a corte de Artur e tramar a vingança contra Kevin. Ela deveria seduzí-lo, e levá-lo prisioneiro de volta a Avalon, onde seria castigado pelo roubo. Mas antes, em uma das festas de Pentecostes, acontece um "milagre" com a relíquia do cálice: Morgana, com a ajuda de Raven, ou por uma magia da Deusa, encarna um "anjo" e promove uma visão a cada um dos presentes. O cálice circula por entre todos, e todos provam do vinho que alí estava, e depois o cálice some. Cada um fala sobre uma coisa diferente que viu: uns viram a virgem Maria, outros um anjo, outros apenas uma forte luz... mas no fim os cavaleiros de Artur se separam para poderem buscar o santo Graal, e o único que fica a seu lado é Gwydion. 

Raven falece nesse mesmo dia: talvez pela grande força que despendeu para que a magia acontecesse. Morgana volta a Avalon, e agora espera até que Nimue faça seu trabalho. Nimue efetua um encanto em que tanto ela quanto Kevin se sintam apaixonados, e esse é o perigo: o encanto recai sobre os dois, e tudo que um sente, o outro sente também. Depois de alguns meses, Nimue volta para Avalon com Kevin, mas não suporta o sofrimento de ver o amado sendo executado. Ela se suicida no mesmo momento em que ele é morto, e que cai um raio e parte o grande salgueiro em dois. Kevin é então "enterrado" dentro da fenda da árvore, e Nimue encontrada no lago, morta. 

No meio tempo, Galahad, assim como vários dos cavaleiros de Artur, saiu em busca do graal e não volta mais: ao encontrá-lo, ele morre ao ver sua luz. Artur fica novamente sem herdeiros para seu trono. 

Gwydion trama contra Gwen e Lancelote: este mata alguns dos cavaleiros de Artur e foge com Gwen em um cavalo em disparada. Gwen convence Lancelote de que é melhor ela ir para o convento de Glastonbury, e ele volte para fazer as pazes com Artur. Ela então se enclausura alí para sempre. Lancelote volta para a corte, mas o livro não apresenta muitos detalhes do que acontece alí. 

Sabe-se então que Gwydion luta com Artur, que sai vencedor. Mas tudo isso é contado com poucos detalhes, como se fosse uma visão de Morgana. Ela encontra Artur ferido e fica junto a ele até que ele faleça. Lancelote vira padre, e após algum tempo, Morgana vai ao convento de Glastonbury onde reconhece a presença da Deusa nas imagens da virgem Maria. E assim termina a história de Avalon e do reino de Artur. 

É um livro ótimo, assim como todos os outros! Mas senti falta de mais detalhes dessa luta entre Gwydion e Artur. Vale muito a pena ler os quatro livros! Recomendo muito... já faz parte da lista dos meus preferidos! 

Passagens interessantes:

"O deus deles seria Uno, e o único e apagaria todas as referências à Deusa a quem servimos. Ouça-me, Kevin, será que você não vê como isso limita a sabedoria do mundo, se existir um único Ser, em vez de muitos? Acho que foi um erro transformar os saxões em cristãos. Creio que os antigos padres que viveram em Glastonbury tinham razão. Por que não poderiam existir muitos caminhos, os saxões seguindo o deles, nós o nosso, os seguidores de Cristo a cultuá-lo se o quisessem, sem perseguir a crença dos outros?" (Morgana em conversa com o Merlim, Kevin, pg. 95)

"Por que, Morgana perguntava-se, tem de ser assim? Tinha a ver com o conhecimento de que o mundo era como era por causa daquilo em que os homens acreditavam que era... ano após ano, nestas últimas três ou quatro gerações, a mente dos homens endurecera-se, passando a crer que havia um Deus, um mundo, um  modo de descrever a realidade, que todas as coisas que se intrometessem no reino dessa grande unidade tinham de ser más e demoníacas, e que o som de seus sinos e a sombra de seus lugares santos manteriam o mal afastado. E como mais e mais pessoas acreditavam nisto, era assim, e Avalon não passava de um sonho à deriva em um mundo quase inacessível." (Pensamentos de Morgana, pg. 125)

"Talvez a religião que exige que todo homem trabalhe por vidas e vidas para sua salvação seja demais para a humanidade. Eles não querem esperar pela justiça divina, mas querem vê-la agora. E este é o chamariz que esta nova raça de sacerdotes lhes prometeu." (Lancelote em conversa com Morgana, pg. 198)

Esta edição: BRADLEY, Marion Zimmer. As Brumas de Avalon - O Prisioneiro da Árvore. Rio de Janeiro: Imago, 1985. 

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