"... E tenho medo de que tanto Avalon quanto os cristãos estejam errados e que não haja deuses nem Céu e nenhuma vida depois da morte, de modo que, ao morrer, eu pereça para sempre. Por isso, temo morrer antes de ter saboreado o que me cabe na vida". (Lancelote em conversa com Morgana, pg. 78, As brumas de Avalon - A grande rainha)
Continuando o primeiro livro da trama... só um comentário: me arrependo de não ter escrito aqui antes de ter lido os livros 3 e 4 pois acabei misturando um pouco as expectativas e as próprias histórias entre eles. Esse livro aborda diferentes passagens das vidas dos diversos personagens. Vou tentar fazer um resumo das principais partes.
O livro se inicia contando sobre Morgana e sua gravidez. Morgana deu a luz a um menino, Gwidion, filho de Artur, na corte de Morgause, esposa de Lot e sua tia, após um parto muito dificil e doloroso. Dizia-se que ela não poderia mais ter filhos, devido ao parto traumático. Morgause, pensando no trono de Artur no futuro, não deixou que Morgana tomasse seu filho nos braços após o parto, e esta acabou por deixá-lo em sua corte para ali ser criado.
Gwenhwyfar é tomada por Artur como noiva. Lancelote foi buscá-la nas terras de seu pai - Leodegranz, juntamente com cavalos e guerreiros que foram dados a Artur. Lancelote se lembra de tê-la encontrado anteriormente em Avalon, quando ela se perdeu na ilha dos padres e acabou por ultrapassar as brumas. Junto com Morgana, nesse dia ele a conduz de volta a ilha e se encanta com a moça. Anos depois ele é encarregado de buscar a noiva de Artur, porém sem saber que era a moça por quem ele havia se encantado. Ao primeiro encontro eles se apaixonam perdidamente, mesmo sendo um amor proibido.
Morgana vai então ao casamento de Artur e Gwen. Igraine deixa o convento, onde passa quase todo o tempo após a morte de Uther, para participar das festividades. Após alguns anos Igraine morre no convento, chamando por Morgana. Mas esta estava perdida no mundo das fadas e nada soube...
Após alguns anos na corte de Artur, Morgana tenta voltar para Avalon, mas se perde no caminho e encontra o país das fadas. Passa ali um tempo que ela não se dá conta, até que ouve um grito de Raven e "acorda", como de um sonho profundo, e vai embora. Confusa por não ter conseguido entrar em Avalon, ela não se acha digna de ali voltar. Viaja, então, para a corte de Artur, a pé. Durante dias viajou sozinha, dormindo em casas abandonadas, e comendo o que encontrava pelo caminho. Parecia uma mendiga. No meio do caminho encontrou Kevin, o harpista, que foi indicado por Taliesin para ser o novo Merlim da Bretanha. Ele a deu de comer e ele a contou as coisas que haviam acontecido desde sua partida. Artur havia construído um novo castelo e para lá mudado: Camelot. Morgana foi com Kevin para o novo castelo e lá passou vários anos.
Durante todo o tempo Gwen e Lancelote sofrem pelo amor proibido. Kevin se torna amante de Morgana: mesmo com seu corpo aleijado, ela o aceita e chega a amá-lo. Morgana também tentou ajudar Gwen a se engravidar: todas as vezes que ela engravidava, abortava em pouco tempo. Artur chegou a achar que a culpa era sua, e permitiu que Gwen tentasse lhe dar um filho pelas mãos de Lancelote.
Passagens interessantes:
"Eu sabia, desde a primeira vez que trilhei este caminho, que haveria momentos de desespero total, quando se busca arrancar o véu do santuário, e quando se grita por ela, sabendo que não responderá porque não está ali, porque nunca esteve ali, não há Deusa, mas apenas nós mesmos, e estamos sós na zombaria dos ecos refletidos por um santuário vazio... Não há ninguém ali, nunca houve ninguém ali, e toda a Visão não passa de sonhos e alucinações..." (Viviane em um monólogo, pg. 146, Grifo da autora).
"Deus é uno, e há apenas um Deus. Todo o resto, são coisas de ignorantes que procuram colocar deuses numa forma qe se possa compreender, como aquela imagem da Virgem, ali, Senhora. Nada acontece neste mundo sem a bênção do Uno, que nos dará a vitória ou a derrota, como Deus quiser. O Dragão e a Virgem são ambos símbolos do apelo dos homens a algo superior a nós" (Taliesin em conversa com Gwenhwyfar, pg. 188).
"Á medida que envelheço, penso cada vez mais que talvez o que consideramos como o passar do tempo só acontece porque adquirimos o hábito, terrivelmente arraigado, de contar as coisas - os dedos de um recém-nascido, o aparecer e o retornar do sol -, e por isso pensamos com muita frequência no número de dias ou de estações que devem transcorrer antes que o grão amadureça, ou nosso filho cresça no ventre e seja dado à luz, ou que algum encontro muito desejado se concretize. E os regisramos de acordo com o passar do ano e do sol..." (Morgana divagando sobre os dias em que passou no país das fadas e o passar do tempo, pg. 215).
"Mesmo assim, rainha, ninguém pode ser dono da consciência de outrem. Mesmo que isso lhe pareça maligno e vergonhoso, a senhora poderia pretender saber o que é certo ou errado para os outros? Nem mesmo os sábios podem saber tudo, e talvez os deuses tenham mais objetivos do que nós, com nosso parco conhecimento, podemos saber" (Taliesin em conversa com a Gwenhwyfar, pg. 230).
Esta edição: BRADLEY, Marion Zimmer. As Brumas de Avalon, livro 2: A Grande Rainha. Rio de Janeiro: Imago Editora LTDA, 1985.
Leia também:
As Brumas de Avalon - A Senhora da Magia (1)
Leia também:
As Brumas de Avalon - A Senhora da Magia (1)
No comments:
Post a Comment