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Monday, August 30, 2010

OS IRMÃOS KARAMÁZOV - vol.1 - Fiódor Dostoiévski

"E o principal: fuja da mentira, de toda e qualquer mentira, particularmente de mentir para si mesma. Vigie sua mentira, examine-a a toda hora, a cada minuto. Fuja também à repulsa, tanto aos outros quanto a si mesma: aquilo que a senhora, em seu próprio íntimo, acha ruim, já se purifica pelo simples fato de o haver notado dentro de si mesma. Fuja igualmente do medo, embora o medo seja apenas a conseqüência de todo erro. Nunca tema sua própria falta de coragem na tentativa de conquistar o amor, nem mesmo tema muito os próprios maus atos que aí tenha cometido..." (Irmãos Karamázov, Fiódor Dostoiévski, vol.1, pg. 93)
É um livro singular. Me apaixonei por Dostoiévski desde que li sua obra "Crime e Castigo" há alguns anos atrás. Desde então fiquei a procura de mais uma de suas obras até que, este ano, ganhei de presente "Irmãos Karamázov" em dois volumes lindos!! Este post será dedicado ao primeiro volume, que acabei de ler. O próximo post virá para dar uma visão geral da obra. 

A história como um todo é dividida em duas grandes partes, que foram subdivididas em dois livros. A primeira parte explica a história da família de Fiódor Pávlovitch Karamázov (o pai), composta por três filhos totalmente diferentes entre si. O pai se casou duas vezes. Do primeiro casamento nasceu Dmitri (Mítia), e do segundo nasceram Ivan e Alieksiêi. A esposa do primeiro casamento se sentia infeliz e fugiu para Petersburgo. A segunda esposa morreu de doença. Nessa, o pai se descuida dos filhos, que são criados por outras pessoas, em diferentes locais e condições. 

Fiódor gosta de estar com muitas mulheres e de se embebedar. Quando os filhos já estão adultos, eles voltam para "re-conhecer" o pai e passam por diversos momentos de interação e brigas. Aliócha (apelido de Alieksiêi) entra para o mosteiro e tenta levar sua vida de maneira diferente a de seus familiares. Tem grande envolvimento com o stárietz do mosteiro, com quem mantém uma forte relação de amizade e submissão. 
O autor descreve detalhadamente os pensamentos e as características de cada um dos atores envolvidos na trama. Gasta várias páginas descrevendo o raciocínio dos personagens, seus pontos de vista e ações. Estabelece um debate entre as consciências desses personagens. 

Eu gostei muito do que li até agora, apesar de algumas das vezes me parecer muito longo algum discurso e acabar me perdendo em seu raciocínio. É um livro relativamente fácil. Para quem gosta de refletir um pouco sobre a natureza humana, recomendo. 

"O escritor discute nessa obra todos os assuntos que dizem respeito à natureza humana, sobretudo o amor, a crueldade e a esperança. Há personagens tipos, há personagens humanos, demasiadamente humanos. Talvez seja isso que nos fascine em Dostoiévski: seus personagens são capazes de cometer todas as loucuras a que nós, seres humanos, estamos sujeitos." (Fonte: http://portalliteral.terra.com.br/artigos/os-irmaos-karamazov. Acesso em: 30/08/2010)

Sobre o autor:

"É tido como o fundador doexistencialismo, mais frequentemente por Notas do Subterrâneo, descrito por Walter Kaufmann como a 'melhor proposta para existencialismo já escrita.'
Seus romances ocorrem em um período curto (por vezes apenas alguns dias), o que permite ao autor fugir de uma das características dominantes da prosa realista: a degradação física que ocorre ao longo do tempo. Seus personagens encarnam valores espirituais que são, por definição, atemporais. Outros temas recorrentes em sua obra sãosuicídioorgulho ferido, a destruição dos valores familiares, o renascimento espiritual através do sofrimento, a rejeição do Ocidente e da afirmação da ortodoxia russa e oczarismo."
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fiódor_Dostoiévski. Acesso em: 30/08/2010)

Algumas passagens que achei interessante do livro vol. 1:

"Na imundície é que é mais doce: todos falam mal dela, mas nela todos vivem, só que às escondidas, enquanto que eu sou transparente" (pg. 246)

"Porque a preocupação dessas criaturas deploráveis não consiste apenas em encontrar aquilo a que eu ou outra pessoa deve sujeitar-se, mas em encontrar algo em que todos acreditem e a que se sujeitem, e que sejam forçosamente todos juntos. Pois essa necessidade da convergência na sujeitção é que constitui o tormento principal de cada homem individualmente e de toda a humanidade desde o início dos tempos. Por se sujeitarem todos juntos eles se exterminaram uns aos outros a golpes de espada" (pg. 352)

"Pois que em nosso século todos se dividiram em unidades, cada um se isola em sua toca, cada um se afasta do outro, esconde-se, esconde o que possui e termina ele mesmo por afastar-se das pessoas e afastá-las de si mesmo. Acumula riqueza isoladamente e pensaÇ como hoje sou forte e como sou abastado! mas o louco nem sabe que quanto mais acumula mais mergulha em sua loucura suicida. Porque se acostumou a esperar unicamente de si e separou-se do todo como unidade, acostumou sua alma a não acreditar na ajuda dos homens, nos homens e na humanidade, e não faz senão tremer diante do fato de que desaparecerão seu dinheiro e os direitos que adquiriu." (pag. 415).

1 comment:

  1. Adorei o blog! :)
    E nunca li Dostoiévski, uma falha no meu currículo literário... vou tratar de corrigir isso! hehehe

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