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Wednesday, January 28, 2015

A MORTE DE IVÁN ILITCH E OUTRAS HISTÓRIAS - Liév Tolstóy

Este é um livro que, apesar de levar o nome de um dos contos, nele estão presentes mais três: Senhor e servo; O prisioneiro do Cáucaso; e Deus vê a verdade, mas custa a revelar. Apesar de relativamente antigos, publicados primeiramente no final do século 19, são contos muito atuais. As histórias são muito interessantes e é possível lê-las em uma sentada. 

Senhor e servo revela a história de um dono de terras (Vassili Andrêitch) que, com sua avareza e cobiça, se dispõe a enfrentar uma forte tempestade de neve a fim de comprar uma 'mata' por preço melhor e alcançar maior lucro. Levou consigo seu servo, Nikita, que, muito simples, levava roupas que não suportavam o frio que encontraram. Devido ao mau tempo, eles se perdem várias vezes no caminho e, mesmo sendo convidados a pernoitar na casa de um conhecido em um vilarejo que passaram, o teimoso 'Senhor' não desiste e decide continuar. O conto revela os sentimentos dos dois personagens principais durante o tempo em que estiveram perdidos e enterrados sob a neve.

O prisioneiro do Cáucaso conta a história de um oficial do exército chamado Jílin que recebeu uma carta de sua mãe, pedindo-o para visitá-la, pois estava muito velha. Jílin resolveu visitá-la e como a estrada era muito perigosa - o Cáucaso estava em guerra, e se algum russo se afastava do forte, era morto pelos tártaros ou arrastado pelas montanhas -, foi junto a um comboio que saiu de madrugada rumo ao próximo forte. Como estavam andando muito lentamente, pois havia pessoas de todas as idades e tipos, Jilin  e um companheiro resolveram ir sós. No meio do caminho, foram capturados pelos tártaros e levados para a montanha. O conto continua dando detalhes da vida de Jílin e Kostílin (o companheiro que também fora raptado) nas montanhas, e as tentativas de escaparem dalí. 

Deus vê a verdade, mas custa a revelar é sobre um comerciante que é condenado indevidamente por assassinar um colega. Na prisão, muitos anos depois, ele descobre quem foi o real culpado do assassinato. 

A morte de Iván Ilitch é um conto espetacular. Gostei bastante, super atual. Conta a vida de um indivíduo, desde criança até sua morte. Um homem trabalhador, dedicado aos seus ideais, vai subindo na vida e, ao mesmo tempo, gastando mais. Por fim, ele tem que trabalhar para sustentar o nível de vida que escolheu. Problemas com a esposa, financeiro e de saúde entremeiam sua rotina, e no fim da vida, adquire uma doença que o traz muita dor. É nesses momentos de dor e solidão que ele passa a refletir sobre sua vida.
"A história banal, mas cruel e amarga, de um homem comum e convencional que, durante longa e dolorosa agonia, relembra e reavalia sua vida tão correta e vazia, num contexto social, familiar e pessoal medíocre e hipócrita" (capa do livro)

Trechos interessantes:

"Vassili Adrêitch não tinha vontade de dormir. Ficou deitado, pensando. Pensava sempre a mesma coisa, sobre aquilo que constituía a única meta, o sentido, a alegria e o orgulho da sua vida: dinheiro. Quanto dinheiro já ganhara, e quanto ainda poderia ganhar; quanto dinheiro ganharam e possuem outras pessoas, suas conhecidas, e como ele, assim como elas, poderá ainda ganhar muito dinheiro. A compra do bosque de Goriátchkino era para ele assunto de enorme importância. Tinha esperança de ganhar, com esse bosque, de uma só vez, uns dez mil rublos. E ele se pôs a avaliar, em pensamento, um bosque que vira no outono, no qual contara todas as árvores numa área de mais de dois hectares." (Durante a noite, enquanto esperava o dia amanhecer sob a tempestade de neve)

"Três dias e três noites de sofrimentos terríveis, e a morte. Mas isto pode acontecer agora, a qualquer momento, também comigo", pensou ele, e por um momento ficou apavorado. Mas imediatamente, sem ele sabia como, veio-lhe em socorro o pensamento costumeiro, de que isso aconteceu com Iván Ilitch e não com ele, e que, com ele, isso não pode nem deve acontecer; que pensando assim ele se entregava a um estado de espírito deprimente, o que não se deve permitir, como ficar evidente pela expressão do rosto de Schwarz." (Piotr Ivánovitch, no velório de Iván Ilitch).

"Na medida em que a esposa ficava cada vez mais irritadiça e exigente, também Iván Ilitch começou a transferir cada vez mais o fulcro de sua existência para o serviço público. Começou a amar mais o seu trabalho e se tornou mais ambicioso que antes." (história de Iván Ilitch)

O livro: TOLSTÓY, Liév Nicoláievitch. A morte de Iván Ilitch e outas histórias. São Paulo: Editora Paulicéia, 1991.

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